atravessar de uma
margem
à outra
todo dia
meu trajeto
dentro de mim
assim se faz
entender múltiplas vozes
que dentro
insinuam coisas
e
colocá-las para dialogar
a temperatura é instável
nem
as águas
nem
as margens
nada permanece inalterado.
o esforço nasce para acalmar os nervos
que rangem
estranho como tudo é tão intenso
não seria - pelo contrário
só ir à praia
olhar o mar
e gostar de não entender?
seria
se fosse
não é.
'
Um comentário:
Tortuosas são as margens que nos habitam diante das tantas direções para as quais desaguamos. Não entender, simplesmente, e disto gostar não seria como decretar a inamovibilidade de nossas próprias margens? Melhor desaguar.
Gostei do poema prima.
Beijos
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